continua o livro da ana: olhos em teste
Olhou uma vez e viu castanho. Olhou de novo e viu o brilho. Tornou a reparar e descobriu verde. Sem qualquer esforço descobriu a melancolia amarelada .Leu a esperança num piscar daqueles olhos em análise e quando levantou a espessa sobrancelha direita, pressentiu a vontade de ser ouvido e a dúvida ou curiosidade que levara ambos aquela mesa. Isso e algum tempo livre, condição essencial para as descobertas.
Anotaria no caderninho em jeito de relato de encontro:
Há olhares que não têm tradução, deixam espreitar um pedacinho da alma,claramente como quem vê o quadro e o entende sem que o saiba resumir ou agarrar em palavras.
Olhei para ti e no momento seguinte podia pintar uma tela com as cores que vi no teu olhar e como reflexo desse olhar senti mudar o tom do azulado das veias para tons mais amarelados. Senti que conhecias as Terras Quentes, onde habita a Ternura e a Paixão rubra. Li nos teus olhos o curriculum de um “sentidor” habituado a calar-se que agora parecia ter vontade de contar-se e levar alguém a passear nos seus largos territórios de lobo solitário.
Meigo, um nadinha triste, de tristeza antiga que ainda não foi embora, sem pressa e sem lentidão, astuto e bom. Vi assim os teus olhos. E deixei-te entrar na minha história de forma a que te contasses, e reinventasses,fazendo crescer as linhas de caderninhos, e quem sabe personagem do livro .