bipolar

25 February 2006

continua o livro da ana: olhos em teste

Olhou uma vez e viu castanho. Olhou de novo e viu o brilho. Tornou a reparar e descobriu verde. Sem qualquer esforço descobriu a melancolia amarelada .Leu a esperança num piscar daqueles olhos em análise e quando levantou a espessa sobrancelha direita, pressentiu a vontade de ser ouvido e a dúvida ou curiosidade que levara ambos aquela mesa. Isso e algum tempo livre, condição essencial para as descobertas.
Anotaria no caderninho em jeito de relato de encontro:
Há olhares que não têm tradução, deixam espreitar um pedacinho da alma,claramente como quem vê o quadro e o entende sem que o saiba resumir ou agarrar em palavras.
Olhei para ti e no momento seguinte podia pintar uma tela com as cores que vi no teu olhar e como reflexo desse olhar senti mudar o tom do azulado das veias para tons mais amarelados. Senti que conhecias as Terras Quentes, onde habita a Ternura e a Paixão rubra. Li nos teus olhos o curriculum de um “sentidor” habituado a calar-se que agora parecia ter vontade de contar-se e levar alguém a passear nos seus largos territórios de lobo solitário.
Meigo, um nadinha triste, de tristeza antiga que ainda não foi embora, sem pressa e sem lentidão, astuto e bom. Vi assim os teus olhos. E deixei-te entrar na minha história de forma a que te contasses, e reinventasses,fazendo crescer as linhas de caderninhos, e quem sabe personagem do livro .

24 February 2006

textinho de caderninho

texto de caderninho
tive que ir ver o mar.Lá vi um barco,leva mercadoria e causa saudades, alguém sempre espera em terra.Além dois que passeiam perto das ondas, dão as mãos.""anda cá";"não te vás embora";"fica, fica";Coisas assim dizem os dedos uns aos outros.O beijo explica coisas que as palavras não sabem dizer.Sem beijos e sem enlaces de mão, eu.Tenho a alma em fim de agosto.De vez enquando veste uma cor berrante que fere outros.Virou Outono e acabou o veraneio:tenho areia no coração.E um oceano para transpor em barco frágil.Eras , nas palavras e gestos, como bandeiras de praia.De repente baixa a bandeira aos quadradinhos: o banheiro foi almoçar.E quando dei conta, ainda que reclamasse por bóia e indicações da maré,tinha acabado a época balnear.Banheiro longe e mar bravo.Agora, o bronzeado tem um ar triste que te lembra e fiquei com coração de rocha, sem escultor. E as palavras continuam salgadas.Não sei que truque usaste para aumentar o mar que tenho dentro.
Pessoas agradáveis ,toldos coloridos e sombrinhas que costumam pintar a praia de cor, estão fechadas, não está cá quase ninguém.Ficaram as gaivotas, ondas altas e alguns estrangeiros.Tudo me fala de ti: o vôo dos pássaros, a força do mar e os outros por não carregarem o teu sorriso, por usarem olhares claros e pele branquela são lembranças de ti do avesso, que eras dono de pele dourada,nuns meigos olhos castanhos.
Bom é provocar em alguém uma maré-cheia.

21 February 2006

critérios

continua o livro
Quando chegou a altura de conversar com os candidatos a personagens do seu livro, notou que não impusera grande critério, grande limite ou restrição. Não escolheu por cor de cabelo.A cor dos olhos não vinha mencionada, mas o olhar seria alvo de um teste difícil.
Não pedira sequer referência profissional, nem cédula.A coincidência na área de interesses também não era pré-requisito.
Por isso quando se dirigiu para o café não sabia quem ia encontrar ou que história ia ouvir.Enquanto esperava, rabiscou no caderninho que sempre a acompanhava:

Um dia cada um receberá um ordenado por respirar,um subsídio extra se sorrir acima da média.A pessoa não será confundida com o seu salário, tão pouco pela profissão que exerce, tem ou é.Será contabilizado com rigor todo o gesto de ternura gratuita,carinho espalhado ou distribuido,esbanjado sem cálculo ou lucro.
Regra única: Beijos porque sim.Palavras meigas obrigatórias, em exclusivo.
E se as lágrimas que cairem não forem de alegria, mas de aflicção ou frio dentro,sofrerá pena o culpado:trinta "Desculpas-me";vinte "Foi sem querer".Abraços enviados por mensageiros ou, um nadinha bom depois, por braços próprios.
No meu livro sei bei quem cabe:Alguém que descubra a minha vontade de passear por lado algum e me deixe sossegada; alguém que queira ir passear em brancas montanhas, mesmo que feitas de nuvens ou especialmente se feitas de nuvens.



20 February 2006

beijos saborosos e adeus com pouco sal

continua o livro da ana
O beijo foi saboroso, que é o melhor que um beijo pode ser, porque são desses que ficam na memória.
No momento em se aproximaram a fita passou a andar devagarinho:estavam tão perto que se deformavam as feições e percorria-a um arrepio bom, que tinha uma pontadinha de medo misturado.Sentia frios e calores,como se brincassem com o termómetro de isqueiro em punho.Qual o sabor do teu beijo?-perguntava-se sem usar pronome interrogativo.Não sabia como evitar o choque de narizes, não tinham combinado nada desta coreografia e tinha medo de não ter jeito nenhum.Mas no final,foi um beijo bem dado.
"Ainda bem que não trouxe o aparelho!"-agradecia ana à boa estrelinha.E saboreou as beijocas com a alma toda.


II
Ponto final.Fim de andamento.Requiem para nós.Que The end mais sensabor.Cést fini e não gostei.Chegou o fim deste romance,este suposto colosso de poesia, maldade e indiferença.Isolda perdeu Tristão.Romeu abalou antes do encontro final.
Foste ficando mais longe, mais afastado , mais e mais.Desligamo-nos.Deixaste de ligar tantas vezes.Ouço-te mal.Não sei que dizes, não te percebo.Caiu a ligação.

O fim é o princípio ao contrário- conclui ana ao ler as linhas anteriores no caderninho.E rabiscou uma frase mais:
II
Ponto final.Fim de andamento.Requiem para nós.Que The end mais sensabor.Cést fini e não gostei.Chegou o fim deste romance,este suposto colosso de poesia, maldade e indiferença.Isolda perdeu Tristão.Romeu abalou antes do encontro final.
Foste ficando mais longe, mais afastado , mais e mais.Desligamo-nos.Deixaste de ligar tantas vezes.Ouço-te mal.Não sei que dizes, não te percebo.Caiu a ligação.
Não esperes que o telefone toque por minha causa.E agradeceu à estrelinha.

15 February 2006

textinho de um caderninho da ana(continua o livro)

Fiquei danada, pior que barata, gato eriçado, cão raivoso de açaime quando reparei que tinhas ido, que te tinha deixado ir. Não te chamei, não insisti, não me convenceste, não te convenceste e cada qual foi à sua vidinha porque na altura não dava jeito, porque não era altura. Na lógica do agora ou nunca; ou por mim ou contra mim não ficou nem espaço para número de telefone na agenda, também não havia muito mais a comunicar. Estava tudo não dito, não havia lugar para aquele enredo, não aceitaste o papel, naquele tempo não cabia aquela peça. Ainda houve uns ensaios, em locais fora de portas e a desoras. A banda sonora ficou decidida por unanimidade e festejámos o momento como quem chega à lua.
E conseguimos o feito de ser ambos o mau da fita, ao mesmo tempo, em reciprocidade até aí.
Agora estou bem, queria até que soubesses
Mas como quem morre ao sol, foi um deserto, com a água a formar lago cá dentro.
Grandes expectativas impediram-nos de cumprir o possível. Reparaste como foi rápido e o que durou afinal?
Às vezes dá-me vontade de chorar, não de infelicidade, pois tenho a bênção da alegria, mas de saudade. Vejo-te tantas vezes por dentro, formando um espelho de lágrimas que te reflectem com cara de malandro, moreno.
Sabes que acontece a quem vê alguém sair 1º? Enche-se de dúvidas de como teria sido e naquele impasse faz finca-pé e demora-se eternidades. Faz promessas e juras nem sempre cumpridas a horas mas que dão meta e norma a chão escorregadio. Fala como se mandasse na memória e corre, corre para não se encontrar com a tristeza e em compulsão de criar novas memórias. Mas a mais pura diversão “pode ser um stress” porque estás por todo o lado e os outros ficam feios à tua beira, na tua ausência fica tudo mais descolorado, muito mundo levaste contigo. E pensar que tinha acreditado que eras para a minha vida como o "colon" capaz de manter vivas as cores e fazer durar a peça em agrado e estima.Pena que não haja Associação de Defesa dos Amantes Iludidos, ou aí pedíria onerosa indenmização por danos na alma, mas a publicidade engana incautos corações com estampas e palavras que soam a soneto.Foste publicidade enganosa,agora já me passou parte da ira,mas ainda me apanho a cantarolar o teu "jingle" e leio mil vezes o bilhete em portunhol:

Por agora estoy Liberto

pero me quiero quedar cativo

14 February 2006

S.Valentim no blog

a casa hoje está linda:dia de namorar, beijocar, suspirar...





segue o livro da ana numa página de caderninho:

Podia contar a mesma história em dez línguas e versões diferentes. Escreveria mil folhas de saudades, parágrafos aos magotes sobre os dias tristes e as maldades que fiz à custa disso. Simplesmente porque tu não querias ainda. E mesmo sem estares perto, fui guardando tudo para que te contar. Falávamos a mesma língua, os kms passavam sozinhos embalados por cenas de filmes que tínhamos visto e histórias que se agarravam umas às outras como se soubéssemos que não havia muito tempo.
Se o pensamento se contabilizasse em segundos, dir-te-ia que vives há séculos na minha cabeça e espraias-te todo, que não cabe mais ninguém!
Quando me/te perguntava vais ou ficas, achei apresentava alternativa: afinal, não: tu foste, mas também foste ficando! E fazias de toda a gente uma caricatura de gente, porque quem sai, deixa a sombra atrás, sempre maior. E a tua sombra era presença incómoda, como a carteira pousada na cadeira que não deixa sentar ninguém.E chego a preferir ter o telemóvel em silêncio para imaginar que ligas e não ouço e esperar horas por uma surpresa que não tem nem pode vir, porque nem tens o meu número, nem quando foste embora havia estas modernices.
com a musiquinha que toca no blog do asterisco

13 February 2006

de um caderninho da ana

A vida às vezes sabe a peregrinação de que não sabemos o nome do santo ou a localização da ermida sagrada à partida.

E às vezes não é na troca de olhares que se descobre se a medida do coração do outro nos cabe ou assenta bem.É mais complicado. Não há transparências,tudo cobre essa coloração única.

"No dia em que descobrir a cor da minha alma, procuro um tom alheio que combine."

Aprendera que o cavaleiro nobre, de cavalo ou carro na versão mais moderna,o tal que faz a nossa exitência melhor e nos faz sorrir, esquecendo até uma dor de dentes,pode aparecer como António, Luís ou Hugo.Nem sempre era aparecia o certo cavaleiro, à primeira.Nem sempre escolhia bem, tinha a tendência para gostar em demasia, oferecia o coração embrulhado em palavras doces, recebia alguma atenção que lhe sabia a abandono, a insuficiente, a aquém.

Embora conhecesse a história da alma gémea,sentia-se filha única, marginal nos sonhos, articulando discursos para surdos, que não sabiam nem queriam ler-lhe os lábios.

Já tinha tido 5 namorados, achava-se muito crescida, e quando à noite reclamava com a almofada, deixando lamúrias de desamor, era a carinha do Tom Cruise pendurada no armário em poster, que a fazia ir às lágrimas e adormecer com um sorriso nos lábios.

"Logo aparece.Pode ser que lhe veja o rosto em sonhos, sempre era mais fácil!"

12 February 2006

do caderninho da Ana

Numa folha isolada do velho caderninho ana relia umas palavrinhas com título:
Medos

O medo faz frio dentro, incomoda, faz tremer.
Há dias que tenho muitos;Há dias que quase não tenho medo.
O contrário de medo é confiar:É fechar os olhos e deixar-se ir,
Jogar-se para trás sem hesitar.
Há dias que temo que chova
Há dias que temo que o sol lhe fira a pele
Há dias que faz vento e lembro-me da minha mãe que treme ao ouvir ventar
Há dias em em que me apetece assistir à trovoada, gosto dos relâmpagos, mas o barulho dos trovões assusta-me.
em caso de muito medo,recorro à StªBárbara
Gosto do mar, de mergulhar, do levante e dos carneirinhos
Mas o barulho forte do mar picado faz-me algum receio
nunca viro as costas às ondas
E à praia à noite nunca iria sozinha
Há alturas em que brinquei aos medos
Experimentava e vencia medos pequeninos
Também já vivi semanas temerosas,
A ansiedade incerta, que não tem porquê mas persiste.
Porém o medo é má companhia e péssimo amigo.
É muito velho do Restelo, sempre faz as contas pelo baixo,fraco,pior
O medo é hiper-consciência paranóica, assustar-se quando ainda o carro não saiu do estacionamento;Vestir a gabardine porque anunciaram chuviscos para daqui a 3 dias.
De todos os medos, que experimentados em doses pequenas não têm mal algum:
De alturas, espaços fechados, abertos, aranhas, ratos, do escuro…o medo que eu temo é o medo do medo.
Já brinquei com o medo e o medo já brincou comigo o bastante. Cada um tem o seu espaço, a pulso definido. Vou tendo medos, pequenos medos, medos médios, os grandes resolvo em pesadelos a dormir, ou espanto-os em historietas.
O contrário do medo é confiança. Confiar é um caminho íngreme que se tem que fazer passinho a passinho, a grande arma contra o medo é um forte abraço, mesmo um abracinho já surte efeitos! O medo evapora-se com tal calor.

11 February 2006

tudo ao contrário

Do caderninho de ana:
Muito barulho,luz, multidão,encontrões.
Do outro lado da pista um olhar "matador" a que ela responde com uma piscadela do olho esquerdo,ele toma-o como convite e sem perder o ritmo e balanço caminha em direção a ela,de passo à travolta no Saturday Night Fever,e enlaça-lhe o braço pela cintura e põe-na a rodopiar.Um gesto leva a outro e as sobrancelhas erguem-se num gesto que pede mudança de cenário e em menos de nada dá-se enlace maior.
Em dois passos pulam do baile para outras danças mais domésticas, menos in, mais indoors, com outros ritmos, alguma desafinação.No terceiro andamento dividem rendas e contas e problemas que dobraram.Há um que pestaneja.Há um que franze o sobrolho.
Pára a música,um tempo de pausa agora.E cada um vai para seu lado.Em jeito de despedida, ela diz-lhe:
"Já apaguei o teu nr.do telemóvel.Podes apagar o meu dos teus contactos."
E já agora,posso desconhecer-te?"
Já mal lembro o dia em que te pus a vista em cima do outro lado da pista.O barulho,a luz, a multidão, encontrões e tudo fez-te parecerido com o artista que não eras e o filme girou ao contrário em fast forward.













Talvez caiba no livro, vislumbre enganador seria um bom título.

10 February 2006

resposta à Flor e duas imagens

vi o link para a habilidade na Jacky ,fui espreitar e deu assim:
O bom de não decorar datas é poder fazer a festa num dia qualquer!














II-espreitei o novo blog,refeito,da flor e não resisti a comentar em blog, porque saiu enxurrada o que devia ser singelo comentário à indignação dela perante a menina do balcão da pastelaria, presumo que em pé, numa conversa que ia acabar em pedido de queque.
Podia dar-se o caso da fulaninha estar no desempenho daquela tarefa, interessante, motivadora, variada, intelectualmente estimulante, doce, enfim de servir comida a apressados há algumas horas,e quem sabe a referência ao escurinho, como tostado, tempo a mais de forno, o único com cacau, ou até, quiças, do dia anterior…as metáforas não são muito usadas pelo pessoal do balcão, que estão mais no concreto, vendem bolos, tal como dizia o Hernam. pasteleiro, alguns há a quem a frase:”Nós, é mais bolos” assenta como uma luva de cirurgía.
Mais vale não arriscar com este pessoal dos serviços, dá asneira. Eu, se estivesse com fome, não queria saber o nome dos bolinhos,e ia directa ao assunto, por análise visual e indicação com o dedo, quanto muito reforçada por uma frase curta, do tipo:”É aquele, e consoante o desempenho nesta comunicação havia a possibilidade pronunciar um “por favor de reforço.”Pronuncio “obrigada” ao gesto do troco e estamos quites, boa vizinhança, pouca confiança.Para que foste à confeitaria no final das contas:comprar um bolinho ou iluminar um ser humano que está, ele sim ,nas trevas muito escurinhas?!

III-Esta pic serve de ilustração ao post anterior a este, do livro da ana, com novo post em breve















grafitei para ti.

09 February 2006

que bom quando ele diz"gosto de 1000(de um a 10)

Acho que chovia nesse dia.
Não sei o dia em que te conheci, não faço ideia em que fim-de-tarde precisamente, tenho uma vaga ideia do mês, decorei o ano, pois mudou o meu calendário inteiro.Começou tudo dali, amanheceu diferente no dia seguinte, porque agora havia mais mundo.O dia um foi naquele dia, mas tinha pela frente a tarefa de contar-te o que não tinhas presenciado de mim, mil histórias que aconteceram, passaram ou não aconteceram e não passaram.Tenho que te contar devagar, ao acaso,conforme calhar, mas prometo que vou contando, para que entendas, para que me percebas.Posso ler-te o que escrevi, como quem faz visita guiada a tempos tormentosos em que o mundo era triste porque não estavas por perto.
No final das contas,só somos gestos e palavras, e histórias que transportamos, baú móvel, e tentamos contar.Sou péssima em datas, mas histórias sei muitas e vou guardando pormenores,que são, somas feitas, o essencial.Sei que vestia de cor de laranja e tu tinhas uma camisola de lã linda vestida.Não gosto de palavras desgastadas, as palavras rotineiras são mais barreira que ponte,por isso não sou de conjugar em voz alta o verbo amar,palavras há que funcionam em expressividade tão eficazmente como o "triste como a noite" repleto de lugar comum.
Por isso quis usar contigo imagens que não estivessem muito batidas, mas que não fossem invenção pura, que fossem ao meu gosto e com isto em mente saiu assim:
meu Principezinho:
tu és bonita raposa que ensina o verbo cativar, flor vermelha irrepetível,pequena ovelha, planeta inteira e estrela brilhante quando o negro medo cai.E bom,bom é quando acordo,te vejo e logo amanhece no meu coração.
"Bom dia" sabe a beijo que desperta,pensou ana no final daquele rascunho.Logo se vê em que capítulo cabe.

07 February 2006

livro da ana(VII)

Esta é a história, a minha, ou uma das minhas - começa ana. A história da mulher que dizia procurar o Amor e dele fugia assim que o adivinhava.Temia os amores modernos e à força de ver filmes já não acreditava na fantasia.
O complicado é gostar do piropo do princípe.Há tiradas muito infelizes":"Posso conhecer-te?";""Já não nos vimos em qualquer lado? são exemplos que não anúnciam grande enredo...
Ana à força de procurar,começa a desacreditar na busca."E não ando à procuro de dinossauros!"-ironizava.
Queria saber a fórmula mágica, mas perdi o filão da pesquisa, que eras tu, nuvem cinzenta no final, mas que começou em arco-irís e fez ventos ciclónicos coloridos.
Queria a fórmula da alegria, mas não me coube a mim gritar "eureka".
Fiquei com tristeza em camadas,um gelo de silêncios e tremuras, um lago grande, que faz as cores esbaterem-se e o risco de lágrimas é grande."Frágil"deve ler-se no meu olhar.
Uma pastilha para a alma era o ideal, ninguém tem efeito terapêutico em mim, porque me lembram que não estás.Raio de nuvem que teima em persistir em céu aberto,em memória irritante.
Queria isto, aquilo e outro e desaprendi a querer, no final: uma estrela de cinema por par, o corpo "à danone", o sorriso de uma giraça do cinema, mas acima de tudo uma alminha que não complicasse e acordasse feliz.
Ás vezes sente a vida correr como água e não tem copo ou sede para apresentar, por causa do lago grande, de lágrimas engolidas que não choveram."à procura do céu azul" talvez seja um bom título!

05 February 2006

livro da ana again

Foste nuvem que não choveu, ameaça de trovoada, sem relâmpagos, só trovões, ao longe.E quando partiste o céu escureceu.Não me engano, foi tal e qual, pois afastou-se o cinzento da dúvida e o azul impôs-se, comme il faut,e não me desagrada.há quem ache os Blues tristes, não eu, a mim inspiram-me.estou a gostar do azul.Tenho que me habituar à nova cor, apenas.De qualquer forma ganhei o gosto por olhar o céu, agora já não à tua procura, ou a ver se vais ou ficas, mas apenas pelo gozo do azul, do amplo, do grande, do informe, do possível.Eras só nuvem, mas fiquei eu com o céu...
"As histórias não têm obrigatoriamente de acabar mal" lera no livro Nem Tudo Começa com um Beijo mas algumas histórias acabam para dar lugar a histórias novas. E algumas lágrimas são terreno de cultivo de posteriores sorrisos rasgados.

O mal do mundo são os desejos não sincronizados. se o meu sonho é o Alaska e o teu o Brasil, vamos andar, por certo, contrariados e arreliados em climas temperados. O morno é o verdadeiro inferno para quem cresceu com o intenso, irrepetível,a paixão por medida.

Não cabe ninguém da vida real no meu livro, pensou a ana.Ao contrário dos seres feitos de palavras que carregam em si a coerência, os seus conhecidos eram-lhe desconhecidos para alem das palavras e faziam coisas irreais,surpreendentes."Não esperava isto dele" é frase que raramente se aplica a uma personagem,já os seres que se dizem de palavra fazem destas habilidades, que nos tiram o sorriso da cara.

Que te tira da cama de manhã?Uma série de ilusões que te fazem sentir seguro, outras tantas irrealidades a que chamamos projectos para conferir seriedade a sonhos.Mas é o sonho o sal da vida, e aqui,o colestrol não manda.E deu a si e ao dia que entrava um sorriso rasgado, porque estar cá para ver o que acontece já é motivo para sorrir e o céu muda a cada segundo para que dele não te aborreças!

04 February 2006

desafio 4 quatros

A convite da Jacky respondo ao desafio 4 quatros( a lembrar o 4 quartos do tarantino!)
empregos ou jobs
Já fiz inquéritos(de rua, em empresa e ao telefone)
Já dei formação
Já dei aulas na Faculdade
e no Ensino básico/Secundário
4 filmes que via uma e outra vez:
Grease
Dirty Dancing
Cinema Paraiso
Prety Woman
Já morei
em Ovar
em Sintra
em Lisboa
em Vila do Conde
Séries
Diário secreto de Laura Palmer
Verão Azul
Espaço 1999
Twilight Zone
actuais
A Juíza
CSI
Desperate Housewifes
Coupling
Férias.Já estive:
na Disney(Paris)
em Barcelona,
Bristol,
Wageningen(holanda)
4 pratos
crepe salgado do Meidin
tosta especial(à Barcarola)- adaptação da francesinha
caldo verde
baba de camelo.
4 obrigatórios:
googlevideos
reuters.com
google blogsearch
Presurfer
Gostava de ir em breve:
ao cinema
à neve(Serra da Estrela, Paz de la Casa, andorra)
a Amsterdam
a Paris

está bom assim, Jacky?

e segue para:

bluemoon

littlebluesheep

Riquita

caracolinha

II


amigos aceitam o outro como ele é:a tartaruga seria infeliz se tivesse por meta fazer com que o amigo hipopótamo se parecesse consigo.Mas há cedências de parte a parte:o hipopótamo já não stressa com o passinho de tartaruga da amiga!

o livro da Ana segue dentro de momentos.

01 February 2006

livro da Ana(V)

Se um dia o sonho morre, ficam as memórias que criamos.Ficamos com a ilusão de poder ter sido diferente.
Parecemos espantalhos em campos de maravilhas: tudo e nada ao nosso alcance.Dizemos "talvez" a tudo, por receio das perdas perde-se o critério.Os sonhos não se sonham sózinhos e há quem ao partir arraste sonhos alheios consigo.
Ana não pedira um herói no anúncio porque o seu herói partira há pouco deixando o lugar muito ocupado de vazio.De momento ainda tinha um "volto já" dependurado no lugar desocupado.Vivia uma tristeza caladinha feita de saudade.
Tenho um lago cá dentro."Por favor não agitar" deve estar escrito em qualquer parte de mim...corro o risco de rebentar num dilúvio de lágrimas...
Queria tanta coisa que fui perdendo as vontades.Ficou só um mau gosto de boca e o apetite transformou-se em enjoo crónico e não há kompensan que pegue.Quero sempre o que nem o Pai Natal meteu no saco.
Escrever é uma forma de gelar o lago que nos inunda por dentro.Melhor assim, pensou Ana - estou cá para contar,vou escrever, se não ainda choro!