o dia amanheceu com receio
do caderninho da ana
Descobri contigo que o medo pode não ganhar sempre e que as palavras têm uma cor própria e que não há dois silêncios iguais.Há dias em que guardo as palavras cá dentro para não passar a outrem telas de tons escuros ou ruídos, mas perante as lágrimas tu sabes dizer o necessário para que sinta o teu abraço, perante as dúvidas sabes ser chão firme, e parar os meus tremeliques com um olhar doce e forte como um tronco de forte.
O conhecimento às vezes só provoca dúvidas e hipóteses e não há nada mais belo do que a crença.E perante os sustos tu agarras-me a mão, convidas-me para uma dança e com os teus olhos dás-me poemas e canções que mesmo sem sons audíveis são belas melodias para um dia tormentoso.
Há dias que trazem sustos mas tu guardas o castelo com um olhar sereno e restabeleces a paz:a Primavera acontece quando me dás a mão e ganho coragem e vontade de enfrentar chuviscos e trovoadas porque sei que zelas os meus passos a uma distância segura.
Há dias que trazem o medo escondido na aurora, mas o teu nome expulsa os feios monstros e como um exconjuro faz adivinhar um arco-irís para breve.
Em aflição chamo-te e tenho o teu olhar por escudo.Se fecho os olhos em pânico é a cor de mel que vem ao meu encalço e a ternura e meiguice valem mais que os mil compêndios.