bipolar

23 June 2006

contar e contar sempre

não temer as palavras,menos ainda as frases enquanto brincadeiras que são,castelos de sons feitos com maior ou menor gosto,sempre um jogo, como quem brinca ou faz esgrima para se distrair e preencher silêncios com pontes provisórias, usando simbólicos brinquedos que não são de ninguém e para ninguém nunca exactamente iguais.Sons e conceitos que permitem viajar por dentro e representar,trazer para o agora o passado que na memória(onde mais?)não pode voltar a acontecer e não tem como repetir-se fielmente.Momentos que foram e que agora se reinventam a cada novo agrupar de palavras e escolha de adjectivos."The past is a foreign country" e com excepção da fotografias que também descoloram,aldrabando as reais cores,cada visita é reinvenção porque não somos já os mesmos, já nos reorganizamos ao pensar uma vez mais o que foi.Contamo(-nos) sem querer mentir mas encantamo-nos no acto de contar e acabamos por retocar as imagens que temos dentro como quem faz as pazes com o mundo que em certas alturas nos deixa a sós e teima em não entender nada do que dizemos.

19 June 2006

desejo para quem ainda não chegou

Para ti quero um nome com esperança e ternura.Um nome que chame e anuncie uma alminha boa com vontade de conhecer os cantinhos bonitos que o mundo tem.Quero contar-te as minhas histórias, contar-te o vivido e imaginado para que não se repitam dores desnecessárias e seja breve o caminho até às alegrias,sem tropeções ou sustos,cansativos e dolorosos.
Promessa,vida,esperança,ternura,carinho,meiguice e graça são nomes que falam de ti.Terás um nome que te caiba bem, que te caia bem, que diga contigo e fale de nós.Um Nome grande, pois és Tesouro Enorme, grande ao ponto de encher o coração de sonhos bonitos,pouco importa se em tons de azul bebé ou rosa.
Para ti desejo as 1000 coisas que adivinhei sublimes no teu pai mal o vi, de mim espero que herdes a esperança("essa coisa com asas") e o gosto pelas palavras capaz de te transportar para longe e para sítios mais belos quando há barulho por perto que só incomoda sem nada ensinar.Um olhar curioso que descubra magia e encantamentos onde a pressa só deixa ver o normal que não motiva.Muitos dias solarengos e com arco-irís,poucas tempestades e nas que houver que eu saiba ser porto de abrigo e refúgio e guardar-te como agora faço sem custo e quase sem notar, sempre com prazer porque me fazes maior com a tua presença.


07 June 2006

não julgues que percebes tudo

Pensas que sabes ler o olhar alheio e a disposição do outro num segundo...enganas-te.Nem eu adivinho como vou estar na manhã seguinte e o efeito que a luz vai ter na minha alma ao acordar.Há dias em que apetece abraçar o mundo com um sorriso e fazer as pazes com a vizinha mal encarada, mas há um felino cá dentro que esconde as garras sem que isso seja cortá-las.Alma de cachorro que quer mimos mas com feitio de gato independente que se ofende depressa sem confessar,assim vai a mistura explosiva que não confesso e um sorriso pode ser fuga para um local menos solarengo mas mais sossegado.
Em dias assim,devia colocar um sinal à porta:"Cuidado com o gato!!"
Depois o teu olhar vem puxar-me para as meiguices e convence-me a dar tréguas a lutas que não acabam em troféus,apenas em feridas e nódoas negras.Potente e diplomático esse gesto que sabes fazer com os olhos que me prende sem imobilizar músculo algum, que transporta ternura como bandeira branca e lá vou,qual cachorrinho ou gato fiel para junto do teu colo sem querer saber do mundo lá fora que às vezes está mesmo desconfortável e feio.Prefiro o novelo das minhas ideias e o quente do teu afago ao jardim bravo e de calor insurpotável.
mas não penses que percebes tudo...há momentos em que a raiva não permite colo,então encontrar-me-às na sombra.Deixa-me estar que já sabes que isso passa!