bipolar

31 January 2006

o livro da Ana (IV)

A vida é um periodo de tempo que interrompe a eternidade.A morte leva-nos de volta.É um encontro ao pé de um relógio que marca a hora certa(para cada um).Uns partem antes, e esperam outros que vão depois.A viagem continua.
Foi neste ponto que Ana se desinspirou e por saudades decidiu que o livro tinha que ser diferente.A saudade fazia notar como era reduzido o elenco no seu real.Preciso de gente e de histórias de gente para a minha história.Assim resolveu optar por uma estratégia prática:
A escrita faz o balanço real e possível num artefacto concreto que é o texto.Vou colocar um anúncio no jornal"Personagens para livro: precisam-se".Não vou pedir heróis, que esses tem um feitio danado, nunca mais terminavam de contar-se.Vou pedir personagens, nunca se sabe quem pode comparecer.
Porque às vezes é mesmo difícil contar-mo-nos.Alguém pensa na mesma cor no mesmo tom quando a ouve pronunciada?

30 January 2006

Livro de Ana(III)

"A minha vida dava um livro", havia um programa de televisão chamado assim,e agora Ana toma-o como seu, aquele título com tom de sentença ou provérbio.Deve ser da saudade ou do tempo que custa a passar...o facto é que acordei com vontade de alinhar memórias em palavras,busquei os caderninhos nos baús e reuní até os papelinhos nos bolsos das calças de ganga e casacos,para reunir tudo, para me arrumar, sei lá para quê!?para ver no que isto dá.

Vou escrever a minha história porque é preciso contarmo-nos todos os dias para nos sabermos vivos.

De uma grande viagem sempre se retiram lições e no meu caso não foi diferente:aprendi um aforismo que assim diz:não se morre nem de amor nem de susto.Mas o medo pode magoar muito, levar-te em excursão prolongada a terras tristes, de paisagens sem cor.

E há segundos muito negros e há minutos de terror.Alturas em que medo toma rédeas e inventa:sempre desgostos, feios cenários, gestos deselegantes, maldades, traição em escaparate,alturas em que nos tratamos um bocado mal.E dói.


28 January 2006

o início do livro da Ana

O livro tinha já início antes do anúncio e lia-se assim:
"Acordei.Fumei um cigarro e decidi escrever-me.Escrever um livro da minha vid arecente.De agora, de há bem pouco.Não interessa a minguém senão a mim.Mas esse é o motivo de toda a escrita.Quero ver-me escrita no papel.
Enquanto tomo banho, ouço ópera. A água sabe bem, molha-me a alma e limpa-me a pele do sono que ainda restava.Depois,limpo-me devagar, a toalha faz-me festas na pele e então decido o que visto e saio para tomar café.Não demora e tenho tempo.
Voltei a escrever e essa é uma grande alegria.Poder contar, poder contar-me é sinal de bem estar, o pior já lá vai."

resposta a anúncio

A história(do post anterior) continua:

cromos, caricaturas,tipos, personagens planas apareceram com fartura.Agora personagens modeladas, das interessantes por si, seu discurso e percurso, demorou dias até alguma aparecer.
Um fã incondicional do Elvis, que lhe vestia o penteado, não tendo orçamento para a fatiota;um Don João, muito pouco Juan, com olhar matador e duas deixas que repetia ad nauseam: " Já te disse como és bonita?","Gostava de te levar a Paris".A repetição leva ao enjoo e dava para ver que aquele dizia aquilo a todas, com uma pronúncia muito cuidadinha, de quem tem medo que abra uma vogal um nadinha mais(o nome dela não era tarefa fácil!)Também compareceu ao anúncio um toureiro de cabelo ruivo, que falava muito e sempre e só de touradas.Um estudante,em tempo de exames, uma jovem enamorada, mas não correspondida,um poeta, em crise de inspiração também responderam ao anúncio.
A pequena amostra serviu para repensar o método.
Ao terceiro dia de ter o anúncio publicado, recebeu um telefonema e uma mensagem sms.
A mensagem vinha de uma alegoria chamada Bom-Senso que lhe deixava o recado:
nem tudo o que lês, existe.E nem tudo merece ser escrito, ficar a existir no papel!
Ao telefone era um candidato, que se dizia não personagem, mas contador de histórias.E esta maneira de olhar para si revelava uma paisagem agradável!
-Está bem, podemos tomar um café.

pormenor de quadro de Carlos Carreiro:

26 January 2006

anúncio de jornal

"Personagens de romances e histórias mais breves compareçam.Assim começava o anúncio que Ana colocou no jornal.Tencionava escrever um livro, capaz de suscitar paixões e ódios, best-seller que se lesse compulsivamente em qualquer lado, até com o autocarro em movimento.Mas ainda não passara do segundo capítulo capítulo e estava já no quarto dia de criação em regime de exclusividade.Agora estava pregada às mesas, sempre de cadeira em riste, em casa ou no café horas a fio.Ana queria escrever um livro porque a sua vida não dava nem para crónica, não preenchia sequer as seis linhas da notícia de jornal.Pelo menos na necrologia é garantido!Pensava ela com o seu humor de tom escuro!Estava farta de horários e rotinas, rame-rame do dia-à-dia, de bordões e frases feitas; de lhe falarem do que já sabia ou não a interessava de todo.Tinha saudades do espanto, dos "Ahs" e Ohs" e momentos tinha que até os "uis" de aflicção eram recordados com nostalgia.Lia poesia, mas por achá-la sintéctica nunca experimentara fazer versos.
Precisava de encher a sua vida de enredos e figuras.Como terapia resolveu escrever uma história.Mas as personagens estavam difíceis de arranjar.Precisava de um herói para o seu livro.Não vinha tal categoria mencionada nas páginas amarelas e teve então a idéia do anúncio de jornal.Para evitar pedantes, convencidos e vaidosos não pediu heróis, mas personagens, podia ser que resultasse!!


pintura de Carlos Carreiro.

25 January 2006

uma dt e um olhinhos escuros(textinho antigo)



O Rui tinha uma Dt e uns olhos bonitos de morrer, daqueles que deixam ver até ao fundo da alma.
Conheceram-se num baile de finalistas: ele aproximou-se dela,caminhava adivinhando já os passos que devia dar na dança.Ela respondeu ao olhar convidativo para o slow com um"eu prefiro mesmo o Rock and Roll e ele riu porque percebeu que não era uma recusa.
assim dançaram uma valsa em ritmo acelarado e sentiam por dentro um ritmo novo, feito pelo próprio coração que estava atento á batida alheia para soar em melodia.
A música vinha de dentro e não era necessária banda sonora para aprimorar o momento.Vinha aí o "beijo à cinema", tudo o resto já estava: pátio de escola,lua e estrelas por cenário.
"Foi lindo!"pensou ela mais tarde, já em casa, a rebuscar o momento vivido e sentimento,nesse rever tudo e colocar na ordem a que se chama recordar.

24 January 2006


Tenho dias assim: em que ando as voltas, outros ha em que vejo os outros em corropio sobre si proprios sem notarem, a� da gra�a...

23 January 2006


Muito gostava eu deste filme...Oh I had the time of my life

22 January 2006

ciganito(textinho de caderno antigo

O toni é um ciganito castiço, de olhar negro, fundo e brilhante, como as noites de primavera.É moreno e tem na face um sorriso travesso, misto de saudação e provocação.O toni estava à porta de um hotel de uma terriola pequena,algarvia e turistica, dessas muitas invadidas na época balnear.Chegava ao hotel uma camioneta luxuosa carregando excursões de estrangeiros, brancos como a cal,copinhos de leite que sempre davam uma moedinha a quem auxiliasse com as malas, com cara de quem deseja um banho mais que tudo.Velhotas muito ruivas,raparigas loiras, e os respectivos pares masculinos saem acalorados,procurando refúgio no hall de hotel, air conditioning world.

O Toni olhava-os e ria-se.Não pude evitar notar o contraste de cores e sortes.O Toni era um rapazinho com um bronze que empalidecia os turistas ainda mais.Mas até o olhar é diferente: o olhar claro procura as piscinas, bons ângulos fotográficos e a comodidade; o pequenito olhar negro corre mundo sem rede no olhar, sem temer nada.Pronto para receber cada amanhecer sem medos,e com espanto o que é bem melhor do que o ar condicionado e ele ri por isso:

"Que cambada de totós!!"diz baixinho...

textinho antigo de um desencontro

Conheceram-se numa viagem de grupo.Ela porém nem ao grupo pertencia, era amiga de uma do grupo, fora convidada para a viagem;dissera que sim porque sempre gostara de viagens.Viu-o no dia naterior à partida e foram apresentados, muito informalmente, numa mesa de café.Foi com um sorriso aberto que se cumprimentaram.Achou-o lindo( mas não fez comentários).Foi fazendo quilómetros de estrada sempre igual que foram descobrindo as diferenças de cada um.Tinham parecenças em gostos e afinidades que logo pareceram coincidências.Depois foram ficando amigos e uniam-se em conversas que disfarçavam as distâncias.Foi na viagem que simpatizou com ela, mas também não disse logo.Desencontrados andaram depois disso.Tudo se passou em segredo, de noite, como em fuga ao mundo, clandestinos, furtivos, sempre.

"Aquele não era o carro do Marcelo?"

Magoavam-se por impossibilidade de um tempo mais confortável.Era Verão, mas era altura imprópria,mau timing, foi o que foi!!


20 January 2006


Nao basta olhar, as vezes temos de reparar bem.Semaforo e Lua.


mar de nuvens.


Lua.nao se consegue ver toda a lua, apenas faces, diferentes angulos.O que nao avistamos ,adivinhamos, imaginamos(outra forma de conhecer!!)

19 January 2006


Consegues ver aqui alguma coisa?Nao digo nada para nao sugestionar!


sweet,soft and lazy...como uma nuvem das brancas que escorregam pelo ceu.


post daqui a nada.Enjoy the view: o arco-iris com zoom.

15 January 2006

textinho de 98

Se este fosse um pedido ao Céu, eu pedir-lhe-ia o dom das palavras,a paz e a esperança e algo que mudasse a cor dos dias que sabem a tédio e sãp passados com ansiedade inexplicável.Se o Céu ouvisse, dar-me-ia um sinal, iluminaria o caminho.
Um dia corre atrás de outro e as pessoas abandonam a vida umas das outras sem pensar ou pesar.O Reino do sono é um refúgio,fácil e tentador."Quem irá me acompanhar?"era um verso musicado que gravei no ouvido.
Tempos antigos, fúrias presentes.

11 January 2006

textinho(continuação)

Foi na faculdade que conheceu Inês, também ela encantada pelas ciências exactas, matemáticas e estatística, em particular.no final do primeiro ano, sem cadeiras para Setembro, conheceram-se e deram-se bem.Sintonizavam um com o outro.Ricardo convidou-a para jantar, sem pensar na conta, nos contos que ia gastar, o que nele era novidade, nada dado a presentes ou ofertas. Mas o jantar foi valioso, foi ele mesmo, sem a pose de yupie, sem a histeria, sem a ansiedade, sem receios.Inês descobriu-o, à cor da alma dele, sob as histórias que contava, e debaixo das gargalhadas sonoras que as remavam.Nem tudo deve ser cálculo, lógica e serenidade, e interrompendo uma frase, deu-lhe um beijo, que ele colaborou a prolongar.

09 January 2006

textinho de caderno antigo(92)

Ricardo é um trintão, empresário de sucesso.Começou como assistente e já tem agora a chefia do departamento e gabinete com vistas.Toda a vida gostou de números,em pequeno com agrado revia as contas da mercearia, por prazer de adicionar parcelas.Na vida somava prémios, que distinguiam elevados resultados, excelentes classificações.E em tudo gostava de ser o número um, de estar em lugares cimeiros,de entre os números preferia os primos, pelo seu caractér;e quando se enervava, na sua cabeça debitava a lista dos números primos, pois esses o acalmavam bem mais do que a primeira dezena.Subtraiu amizades ao crescer, as ambições e sonhos multiplicaram-se em horários de trabalho carregados e reuniões longas;tinha já dividendos positivos,mas na prova dos nove do coração, o saldo não era tão positivo.

08 January 2006

carta quase poema( de caderno antigo)

Uma carta que bem podia ser lida como poema
Tem algum tempo e deixei sem selo:

Obrigada por chegares na forma de canção para acalmar o meu desnorteado coração que bate e bate nem sabe porque
Sem dizer adeus,de repente, sem contar, porque faltei ao combinado, ao encontro e
Foste indo à frente,Sem querer
Doeu, sem poder contar, porque nada havia a contar.
E era Natal e fazia frio
E andava perdida,perdi-me ainda mais

Naquele dia sem Norte
Procurei
Fora da razão e da lógica
Fora dos horários
E das ruas conhecidas
Fiz uma homenagem com terra, que ninguém viu
Num sítio que só eu sabia estar certo
Mas cada acção foi sentida e teve um sentido
Que ninguém sabia ler

E como não entendiam
Achavam que não se deve,
Pode
Sentir assim
tanto
daquela forma

(...)
agora
Já não dói tanto,
Já não tenho tanto medo
Já não estou sozinha

E sei que tu espreitas lá do alto, para te assegurares que não me derrubam!!
Ou que se acaso cambaleio e caio,
Me levanto e continuo…

teste que vi no amorizade

Vi o teste no blog da Jacky amorizade vi o teste, fui fazer e saiu assim

You are a Brainy Girl!

Whether you're an official student or a casual learner, you enjoy hitting the books.
You know a little bit about everything, and you're always dying to know more.
For a guy to win your heart, he's got to share some of your intellectual interests.
A awesome book collection of his own doesn't hurt either!


Já imprimi a Sopa de nicks

para ver os que descubro!

no céu cinzento o arco-irís fica mais colorido


Ver um arco-irís num dia cinzento é um momento feliz
Felicidade é uma coisa de escala, de comparação, de grau, de intensidade, de bem-estar. De vontade de sorrir e de rir, de perspectiva, de capacidade de imaginar amanhã e depois de amanhã, de respirar fundo com gosto, de dar um suspiro de alívio, é bom.Depois de dias escuros, momentos de receio, minutos tristes, desesperança, tormentas passadas, chegar ao areal sabe bem, ter onde pousar a cabeça em sossego sabe a bênção, ter a quem contar parece tesouro e encontrar quem (nos)entenda é descobrir jóia rara.
Um céu cinzento é cenário de arco-iris, que por contraste ainda parece ter mais cor!
E acima das nuvens, por mais carregado que o céu esteja,
sempre há o azul, que não tarda a aparecer.

06 January 2006


bonsai.Quem ama cuida.Regra nr.1


um quadro la de casa

05 January 2006


tenho esta kitty ha muito tempo,como se nota!


tenho a mania das carteiras,admito.Mas nao tenho "shoping sprees"faz tempo!

uma curiosidade da Língua Inglesa

A palavra da semana segundo o dicionário MacMillan: set-jetter

cabe nesta designação o turista que procura lugares descritos ou que são cenário de filmes ou livro.(set)

set-jetting acontece com o livro O Código de Da Vinci, já há visitas aos lugares referidos no romance!!

aparece explicado em contexto:

Tourist locations are seeing up to a 30 per cent surge in bookings from “set-jetters”, who like to visit places depicted in films, it was revealed yesterday …’(The Scotsman, 9th August 2005)‘… I am not part of the

‘… I am not part of the phenomenon that is “set-jetting”. This involves holidaying in places purely because they have prominently featured in a book or film.’(The Herald, 10th August 2005)

Top 40 Most Popular New Words of 2005

aqui

04 January 2006


Nao me esta nada a apetecer desfazer a arvore!!Tenho impressao que vai ficar um bocadinho para alem dos Reis!!


vi no blog da Jacky a ideia e tambem fiz a minha casa!Nao esta mal!!


um brinde a 2006

03 January 2006


3 gotinhas,esta acho que vai ser a preferida da Gotinha!


para a Gotinha:duas gotinhas na persiana.


no meio do cinzento sempre pinta alguma cor.


missao cumprida,Pai Natal retoma ao lazer.

02 January 2006


a todos desejo um 2006 a abrir, sempre a subir!


oferta da jacky.recebido aqui com amorizade, claro!